Com o tempo, a vida nos ensina que a perda faz parte do caminho. Amigos que se vão, familiares que nos deixam… tudo isso mexe conosco, toca nossas lembranças e desperta sentimentos difíceis de explicar. Mas, ainda assim, seguimos. E não seguimos por obrigação, mas porque a vida continua chamando - mesmo que de mansinho.
Na terceira idade, já vivemos muitas histórias. Algumas tão felizes que nos fazem sorrir só de lembrar. Outras com despedidas que apertam o peito. Mas é importante saber: aquilo que vivemos com quem amamos não se perde. Fica guardado em nós - no jeito de falar, numa receita de família, numa música que toca de repente.
A perda nos faz olhar com mais carinho para o presente. A gente aprende a valorizar o que parecia simples: um abraço apertado, uma conversa despretensiosa, um café demorado com risadas no meio. Cada momento vivido passa a ter um brilho especial, porque a gente sabe que a vida é feita mesmo dessas pequenas coisas.
E quando alguém querido parte, não é preciso apagar a saudade. Ela pode até doer, mas também nos conecta ao que foi bom. Permitir-se lembrar, falar sobre quem se foi, partilhar histórias… tudo isso ajuda a manter viva a presença de quem amamos. A memória se transforma em aconchego.
É claro que haverá dias mais silenciosos, de coração apertado. Mas há também os dias em que a lembrança vem como um carinho - como se a pessoa estivesse ali, sorrindo com a gente. E isso conforta.
O importante é não se fechar para a vida. Continuar fazendo planos, mesmo que pequenos. Estar perto de quem nos quer bem. Participar de rodas de conversa, de grupos, de passeios. O afeto cura. A convivência aquece. E o tempo, gentilmente, vai colocando tudo em seu lugar.
Perder faz parte da caminhada. Mas o que foi amor verdadeiro, amizade sincera, convivência gostosa - isso nunca se perde de verdade. Fica. Vive dentro da gente.
Porque quando perdemos, também guardamos. E é isso que nos faz seguir - com o coração cheio de histórias, de afetos e da certeza de que a vida, apesar de tudo, continua valendo a pena.
Jandira
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