terça-feira, 27 de setembro de 2011

BRAVURA

João Alves Ferreira Filho, foi um homem que sempre valorizou a mulher, sua beleza e principalmente sua bravura: a verdadeira BRAVURA DA MULHER.
Em seus poemas encontramos vários exemplo disso.



Quem vê teu rosto alegre e cativante,
E também jovial e sorridente,
Talvez julgue mui frágil e impotente
A mulher de coragem tão gigante.

Quem viu a batalha fatigante,
Que travaste num fogo tão ardente,
Com a dor não ficou diferente,
Pois sentiu o amargor dilacerante.

No calor dessa batalha avassalante,
Teu sofrer foi profundo e comovente,
Quando pranto lançaste, livremente,
No silencia da noite angustiante.

Quantas vezes tornou-se vacilante
Tua luta de ardor tão envolvente,
Mas, das cinzas surgindo, consciente,
Se destaca a bravura tão brilhante.

E, passando o furor atormentante,
Já surgindo o descanso providente,
A cuidar tu dos filhos, evidente,
Os recobres de afeto abundante.

Hoje tens uma brisa refrescante
A soprar-lhe suave e persistente.
Pois tens fé e esperança convincente,
Tens um Deus poderosos e deslumbrante.

João Alves Ferreira Filho



terça-feira, 20 de setembro de 2011

UMA CIDADE MINEIRA



Tu, campestre, cidade bem mineira,
Que te escondes no aldo da ladeira,
Em teu berço de afeto eu nasci.
Se o destino me trouxe bem distante
Do teu jeito mineiro cativante,
Com  certeza, jamais te esqueci.

Com teus campos de gado e cafezais,
O bom clima, boa Terra das Gerais
Os teus filhos que não fogem das lutas:
Fazendeiros, doutores, toda gente
Com decência e vida transparente,
Tu mereces o pódio que desfrutas.

Tu, Campestre, cidade carinhosa,
Que deitas no morro tão formosa,
Que tens moças bonitas e faceiras,
Tens bom queijo, café de qualidade,
E quem te deixa morre de saudade,
Se não, faz seu retorno às carreiras.

João Alves Ferreira Filho

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O poeta João Ferreira

Um homenagem ao poeta João Ferreira, meu marido, amigo e companheiro de muitas décadas.
Em 2003 realizou um grande sonho: a publicação do seu livro de poesia Quando Fala o Coração.
João faleceu em 17/09/2010 e deixou muitas saudades.





Conheço João Ferreira e aprendi a conhecer seu espírito puro e transcendental. Consegue alinhar sua condição de mineiro das Gerais ao homem da metrópole de São Paulo, por ele adotado para viver e constituir a família. A sua pessoa cativa e agrada à primeira vista: quieto, fala mansa, ponderado e sábio, na mais autêntica acepção da palavra. Da pescaria à contabilidade, do fotógrafo ao relações públicas e diplomata, do homem de fé ao empresário, tudo podemos encontrar nesta maravilhosa pessoa humana.
Sua obra retrata o homem simples, com seus amores, suas glórias, suas decepções, suas memórias, suas vitórias e derrotas, enfim a plenitude da vida.
Cumpre salientar o espírito e a sensibilidade com que foram poeticamente contados. Da juventude, o primeiro amor. Aquele abala o mais íntimo do ser que desabrocha para a vida. Que não é o último, mas que para todos, parece definitivo. Imaginem, então, esta sensação numa alma poética.
O poeta, liberto de sua primeira prisão, passa a sentir os reais valores materiais e espirituais da sua existência. Sempre com a mesma alma sensível.
Da realidade, reconhece os verdadeiros valores e se realiza. Essa realização é seguida da calma e tranqüilidade para apreciar tudo o que a vida proporcionou, o Dom de Deus a disposição dos homens.
Da realização, pode cantar as suas origens e a simplicidade daquela vida autêntica do interior. Aquela estrela que o guiou na sua vida, permitiu-lhe enfrentar, com altivez, o desafio da metrópole, sempre com o espírito limpo e puro.
Em seguida, as conseqüências: a esposa, os filhos e os netos, que significam a nossa continuidade, a perpetuação da espécie. Tudo com renúncia e aceitação do destino que nos foi reservado por Deus.

Wagner Colombarolli
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, da Arcádia de Minas Gerais e da Academia Mineira Maçônica de Letras.
  



quarta-feira, 7 de setembro de 2011

SAUDADES

A saudade fere o coração mas a fé acalma a alma







Saudades...
De no alpendre lá sentado,
Bem sozinho e sossegado,
A comer a gostosura
De um naco de rapadura

Saudades...
De chegar ao meu ouvido
O bater bem conhecido
Do monjolo, que lá tinha,
Na fazenda bem vizinha.

Saudades...
Do engenho de rapadura,
Com seus tachos em fervura,
Do Balbino manejando,
De calor até suando.

Saudades...
De comer até o fim
A paçoca de amendoim
Bem socada no pilão
De lembrar, dá emoção.

João Alves Ferreira Filho